Moimenta
Moimenta é uma freguesia do concelho de Vinhais, distrito de Bragança , localizada no extremo sudeste de um planalto amplo, entre as faldas Norte da serra da Coroa, em Portugal, e as serras espanholas de Rechouso e da Canda, a 885 metros de altitude. O seu termo ocupa cerca de 7 Km2, encontra-se situado no extremo Norte da Terra Fria Transmontana, numa zona em que a raia faz uma bolsa que empurra o termo espanhol para Norte e Nordeste. Cerca de 50% do termo de Moimenta é limitado pela fronteira espanhola.
Moimenta é considerada uma das jóias do Parque Natural de Montesinho. O seu casario, todo ele construído com granito tosco da região e telhados de 2 águas, apesar de maculado aqui e ali com algumas barbaridades modernas, é ainda um bom exemplo de integração harmoniosa do homem no meio. Além disso é senhora de uma igreja monumental, vários indícios de vida comunitária (eiras, fornos e moinhos …), um castro, uma ponte romana e mirantes naturais que deixam ver a verdura luxuriante que bordeja as margens do rio Tuela e as suaves ondulações das serras circundantes, quantas vezes nevadas até ao mês de Agosto.
O topónimo tem origem no termo latino monumenta, plural de monumentum, que remete para tudo o que faz lembrar o passado: sepulturas, túmulos, monumentos megalíticos, fortificações antigas, construções pré-históricos ... Assim, parece claro que a povoação deve o seu nome ao Castro da Cigadonha que fica um pouco abaixo da aldeia, a Sul, ou então, a uma qualquer anta, já destruída, mas que arranjou maneira de deixar testemunho da sua existência emprestando o seu nome a um curso de água denominado Ribeira d'Anta que corre junto da aldeia, a Poente, banha o sopé da elevação em que assenta o castro da cigadonha, a Poente e a Sul, e desagua no rio Tuela, junto à Ponte das Vinhas. Meramente casual é o parentesco fónico entre o topónimo Moimenta e moimento ( o mesmo que moedura) . Mas esta feliz casualidade não deixa esquecer a enorme capacidade de moer cereal (centeio e milho) que Moimenta sempre teve, tanto no Verão como no Inverno, graças aos dois cursos de água que correm no seu termo - o rio Tuela, a Este e a Sul, e a Ribeira de Anta, a Norte e a Oeste.
Moimenta também é conhecida por Moimenta da Raia, em virtude de se encontrar junto à fronteira Espanhola e para a distinguir de Moimenta da Beira, vila e sede de concelho, e de outras 5 moimentas existentes no território português.
A freguesia tem uma boa estrada de acesso, luz eléctrica, água canalizada, ruas empedradas, saneamento, telefone público, escola primária, jardim de infância e taxi.
Texto de Armindo Cardoso
Moimenta terá sido fundada no castro da Cigadonha, a Sul. Segundo Vicente Martins, é difícil saber se a povoação actual foi fundada durante a Romanização ou se só depois da Reconquista Cristã é que os habitantes da Cigadonha começaram a construir casas fora e um pouco a Norte e Noroeste da Cigadonha.
Através das Inquirições de D. Afonso III, de 1258, parece poder concluir-se que Moimenta terá pertencido sempre ao Reino de Portugal. No entanto, no reinado de D. Sancho I, o povoador, que reinou entre 1154 e 1211, em ano que não é possível precisar mas que é certamente posterior a 1187, pois neste ano D. Sancho I deu foral a Bragança e Moimenta ainda pertencia a este concelho, um tal D. Fernando Peres terá doado Moimenta à Igreja de Santa Maria do Porto, do reino de Leão, ficando na posse da ordem de Uclés ou São Tiago de Espada, durante muitos anos, talvez até cerca de 1400, altura em que se deu o recuo da fronteira por força do tratado de Segóvia.
Segundo a tradição, D. Afonso III esteve em Moimenta, por volta de 1253, na altura em que viveu em Chaves, onde casou. Terá permanecido na actual Casa dos Cardosos (Rua da Urze, junto à Igreja) que, nesse tempo, era a residência paroquial, ocupada pelos Monges de Uclés. Cada vizinho deu uma galinha ao rei, além de outras coisas. E D. Afonso III terá concedido aos moimentanos vários privilégios, consagrados numa carta de foro ou de privilégios.
Mas o Padre Francisco Afonso (ver bibliografia), apoiado nas referidas inquirições de 1258, contraria essa tradição, concluindo que, nesse tempo, Moimenta seria apenas uma "villa" rústica, que não era cabeça de paróquia, não tinha igreja própria ou qualquer ermida ou capela, visto ter sido reguengo, e por isso, não devidamente povoada. Ora se não era paróquia e não tinha igreja, também não teria a residência paroquial a que a tradição se refere.
O aforamento concedido por D. Afonso III foi confirmado mais tarde por D. Manuel I em 1514 e, depois, por D. João V em 1732 e por D. João VI em 1819, pelo qual os moimentanos ficaram isentos de todos os encargos do concelho por serem reguengueiros da Casa de Bragança, a quem pagavam 96 alqueires de pão e uma galinha por pessoa.
Em 1884 os espanhóis reclamaram Moimenta e seu termo como pertencendo ao reino de Leão. Então, foram inquiridas várias testemunhas, tendo ficado provado que Moimenta pertencia e era reguengueira da Coroa Portuguesa.
Segundo José Hermano Saraiva, citado por Vicente Martins, em 1641, em plena Guerra da Restauração, os Castelhanos atacaram a aldeia de Moimenta. Depois de uma defesa furiosa, 70 moradores refugiaram-se na igreja, que tinham fortificado e onde continuaram a combater. Vencidos por fim foram todos passados a cutelo porque não houve nenhum, excepto uma velha, que pedisse misericórdia ou dissesse "viva el-rei D. Filipe".
O tratado dos limites de 29 de Setembro de 1864 estabeleceu definitivamente a fronteira entre Espanha e Portugal no termo de Moimenta. O artigo 15 desse tratado define que desde o Penedo dos Três Reinos irá a raia à Pedra Carvalhosa, atravessando depois o rio Tuela no porto da Barreira, e subindo até próximo do forno da Cal.
Moimenta também conhecida, pela sua localização fronteiriça, por Moimenta da Raia, pertence ao concelho de Vinhais, distrito de bragança e a sua origem remonta a vários séculos pois supõe-se que a mesma já era habitada na idade pré-histórica e nos tempos neolíticos.
O topónimo "MOIMENTA" atravéz dos tempos apareceu com diferentes grafias, tais como: Monumenta, Muimenta, Monmenta, Mimenta e Moimenta, pelo que supomos que o seu nome advém de monumentos pré-históricos que abundavam nesta zona.
No ano de 1384 os espanhois reclamaram que Moimenta pertenceria ao reino de Leão. Contudo depois de terem reunido delegações dos dois países em 1385 e após serem inquiridas várias testemunhas ficou decidido que Moimenta era pertença da coroa Portuguesa.
Consta no entanto que no verão de 1641 uma multidão de castelhanos provindos das aldeias espanholas de Castromil e Hermisende depois de ter incendiado as searas de centeio atacou e saqueou a povoação de Moimenta com a ajuda de um ferreiro que os havia previamente informado que poderiam atacar Moimenta dado que os seus habitantes se encontravam desarmados. Não obstante a desproporção de forças os moimentanos lutando com heroicidade conseguiram fazer frente aos invasores e escorraçá-los ben como ao dito ferreiro a quem pela sua traição confiscaram os bens e queimaram a sua habitação.
Mais tarde sabendo que Moimenta se encontrava indefesa voltou a ser atacada por um bem armado corpo do Exército Espanhol tendo na altura toda a população preferido ser chacinada do que renegar a sua Pátria. Da refrega apenas sobreviveu uma anciã de entre setenta pessoas.
Fonte:
http://www.moimenta.com/aldeia.php